Furacão sertanejo: contratei cantora e quase perdi 6 mil reais!
Há muitos anos eu frequentava uma casa noturna na Barra da Tijuca onde eu acompanhava uma cantora do local. A guria era realmente muito boa e sempre que eu podia, eu estava na chamada Vitrinni Sertaneja só para acompanhá-la. Foram incontáveis vezes que vi as apresentações acústicas e incríveis interpretações.
Durante anos a vi anunciando sua presença em diversos bares no Rio de Janeiro, fazendo shows na própria Vitrinni, no Madame Surtô, no Praticittà, no Riviera del Sol, antigo Barril 8000 e no quiosque Cavalo Marinho, todos nas regiões de Barra, Jacarepaguá e Recreio. Lembro até que certa vez li alguma coisa sobre ela ter iniciado a cantar aos 5 anos, o que me fazia não entender como alguém tão talentosa e com tantos anos de carreira não foi capaz de despontar além dos bairros e dos bares onde cantava.
Para não expô-la, obviamente não vou citar seu nome aqui, mas a fim de alertar possíveis novinhas irei relatar o que me aconteceu, que me fez entender porque alguém indiscutivelmente talentosa não havia alavancado uma fama. Essa cantora não era só um furacão por sua voz, mas claramente um furacão por sua clara instabilidade emocional.
Tendo acompanhado alguns shows dela, na hora de casar eu quis contratá-la, e foi assim que assinei um contrato no valor de R$ 6.000. Recebi um contrato muito mal redigido e com cláusulas que claramente me colocavam como a parte mais fraca da negociação: ela poderia cancelar sem pagar qualquer tipo de multa, já eu se cancelasse teria 40% do valor total retido. Porém, na correria que é um casamento e na empolgação de tê-la como cantora no evento, acabei concordando com os termos e realizando um pagamento à vista acreditando que aquela pessoa que vi por tantas vezes não teria má-fé.
Inicialmente, tive problemas para ela conseguir identificar o pagamento, quando o marido dela – que se apresenta como o empresário – relatou que a mesma não via o valor do PIX em conta, o que em seguida eu expliquei e foi confirmado que provavelmente ela havia cadastrado o PIX na poupança, enquanto checava a conta corrente. Entretanto, nessa primeira divergência, acreditei que era algo pontual, uma confusão específica, e não um estilo de vida de desorganização, limitação cognitiva e falta de profissionalismo.
Um furacão sertanejo destruindo o meu casamento
O contrato foi fechado em abril de 2020, faltando mais de 1 ano para o meu casamento. Após alguns meses, em junho do mesmo ano, precisei contatar os fornecedores já contratados para informar uma mudança de cerimonialista e uma mudança de número de telefone por minha parte. Enviei mensagem para todos, todos me deram um retorno, exceto ela e o marido dela. Apesar de estranhar esse tipo de relação e tratamento com um contratante, acabei esquecendo que não havia recebido sequer uma ciência de leitura da minha comunicação.
Muitos meses depois, já em janeiro de 2022 e faltando 4 meses para o meu casamento, eu tive mais um ponto a conversar com todos os prestadores de serviços contratados. Com a pandemia ainda de COVID, com o surgimento da Ômicron e diante do decreto municipal que exigia a conferência da vacinação entre participantes se qualquer evento realizado em casas de festas, enviei nova mensagem solicitando a comprovação de imunização… mais uma vez, fui ignorada tanto por ela quanto pelo seu empresário, o marido.
Ela fatalmente foi a minha contratada mais cara, foi paga R$ 6.000 à vista para cantar em um casamento na parte da manhã, onde possivelmente sequer conflitaria com sua agenda em bares. E obviamente, diante desse custo, eu esperava que ela além de cantar fosse capaz de se comunicar quando necessário comigo, que era a contratante. Comecei até me questionar após o episódio que narrarei a seguir se esperar o mínimo de educação e cordialidade dentro de uma relação profissional era algo tão absurdo assim.
Bom, como fiquei novamente sem resposta, enviei mais uma mensagem para o WhatsApp do marido dela. Na mensagem, informei que já havia enviado duas mensagens anteriores que ficaram sem resposta e que gostaria de uma confirmação de ciência, conforme mostro abaixo:
Logo em seguida, ele informou que havia sido roubado alguns dias antes e que tinha perdido o histórico do WhatsApp, então reenviei as mensagens anteriores e ele me solicitou que enviasse o contrato que havíamos assinado. O contrato na verdade não havia sido trocado por WhatsApp, havia sido trocado por e-mail, o que já me apontou uma falta de organização mascarada com a desculpa de perda de histórico do Whatsapp. Ainda assim, fui ao meu e-mail e reenviei o contrato novamente tanto para ele quanto para a cantora em questão.
Seguidamente, ele me solicitou também o comprovante de pagamento, aquele que foi feito em abril de 2021! Ou seja, mesmo ele tendo recebido mais uma vez o contrato, mesmo eles já tendo sido informados qual era a data do evento, o tipo de evento e nome da contratante, eles sequer recordavam que já haviam recebido previamente e à vista pelo serviço. E a impressão que me foi passada – obviamente – é que de eu não ficasse procurando eles, seriam incapazes de recordar do contrato acordado comigo e que muito provavelmente sequer apareceriam no meu casamento.
Diante disso, com toda educação, sinalizei essa questão a ele, conforme mostro a seguir:
E para a minha surpresa, que na minha ingênua ignorância e confortável sanidade esperava que os contratados iriam melhorar a comunicação, recebi uma ligação da cantora aos berros, me dizendo que não havia gostado da crítica que fiz e que iria cancelar o contrato alegando que eu desisti e que ainda pagaria multa. E desligou na minha cara. Parecia um furacão desgovernado e instável, que simplesmente surgiu em um mau dia, e decidiu destruir tudo que estivesse em sua frente.
Pausa reflexiva: imaginem a cara da noivinha aqui, faltando 4 meses para o próprio casamento, recebendo uma ligação de uma contratada com sinais claros de desequilíbrio emocional e psicológico.
Quase perdi o dinheiro
Após perceber que claramente eu estava lidando com uma pessoa descompensada, solicitei então ao meu noivo que ligasse novamente para ela enquanto eu gravava, como forma de nos precaver dos delírios dela. Obviamente mais uma vez, como não é intenção expor a pessoa em si, não vou compartilhar o vídeo para evitar qualquer identificação da voz da mesma, mas resumidamente ela ainda teve a audácia de na primeira ligação, sem que tenhamos dito qualquer coisa além do fato que gostaríamos de receber o dinheiro integralmente já que a quebra partiu dela, nos ameaçar de processo caso contássemos a alguém que ela simplesmente desistiu de cantar em nosso casamento 9 meses após ter sido paga.
Fora isso, na mesma ligação ela ainda conseguiu assumir que ela não tinha mesmo mais interesse em cantar no nosso evento e em seguida afirmar que nós estávamos quebrando o contrato, sendo que por fim acabou concordando em devolver o valor de maneira integral. E que fique claro: os mesmos R$ 6.000, e não os R$ 6.000 reajustados após 9 meses de inflação e juros, entretanto concordamos pois ficamos literalmente apavorados com o comportamento dela e queríamos somente nos poupar e não ter mais que lidar com alguém descompensada dessa maneira.
Após a primeira ligação, ela nos ligou novamente. Já na segunda ligação, apesar de no contrato prever a devolução imediata do valor, ela solicitou aguardamos mais 2 dias, pois segundo ela, o celular dela estava sem qualquer aplicativo de banco e por isso não era possível fazer a devolução naquele momento.
Pausa reflexiva: ela já estava há 4 dias com um novo aparelho segundo ela e ainda não tinha algum aplicativo bancário; será que algum fenômeno paranormal a impedia de simplesmente baixar naquele momento? Como será que ela vivia antes de existir aplicativos bancários? Tivemos a extinção do desktop e eu não notei? Fica aí o meu questionamento…
Após tudo acertado, após termos concordado em receber o valor 2 dias depois, recebemos mais uma ligação dela! Dessa vez, ela solicitava que meu noivo enviasse um e-mail para ela informando que cancelariamos o contrato. Sim, apesar dela ter falado que ela que não queria mais cantar no nosso casamento, depois dela com certo custo concordar em devolver o valor pago, depois dela solicitar que aguardássemos mais alguns dias… ela nos pediu para enviar um e-mail falando que NÓS queríamos cancelar! Claro, educadamente nos recusamos a fazer isso para evitar que ela alegasse que o cancelamento partiu da gente, mas falamos que não víamos qualquer problema caso ela achasse necessário nos enviar um e-mail documentando tudo e que diante disso daríamos ciência por escrito.
Por fim, não recebemos nenhum e-mail da parte dela e decidimos aguardar o dia combinado para receber o PIX. E como vocês podem imaginar depois de tudo que foi relatado anteriormente, ela não só não nos pagou no dia como também não teve qualquer iniciativa comum a qualquer pessoa decente de nos contatar e dar uma nova posição. Diante disso, mais uma vez tentamos contato com eles enviando uma mensagem escrita para o marido e empresário dela – mais uma! – que não foi respondida, e em seguida, fizemos uma ligação.
Em ligação o rapaz informou que não sabia o que tinha ocorrido, que ele iria ligar para ela, e nos solicitou o número da conta bancária para o pagamento ser feito por transferência no dia seguinte. Após desligarmos, enviamos então por escrito novamente o número da conta bancária e, educadamente mais uma vez, falamos que não queríamos nos desgastar diante dessa situação, e que na falta do pagamento, passaríamos a tratar de maneira judicial, inclusive cobrando a atualização do valor e possíveis danos.
E agora, um detalhe interessante nisso tudo foi que eu pesquisei se havia algum processo em nome da cantora, e encontrei justamente um 1 processo de pedido de execução extrajudicial por dívida, extinto após ela finalmente quitar, exatamente após eu realizar o pagamento à vista para que ela cantasse em meu casamento. E vocês acham que após a última mensagem que enviamos recebemos o valor imediatamente? Recebemos mais uma vez uma mensagem na qual eles relataram estarem ofendidos com o que falamos. SIM, ELES FICARAM OFENDIDOS DE NOVO, COITADOS! QUANTA SENSIBILIDADE!
Após isso, realmente decidimos nos economizar, e como diz o ditado, sequer “bater palmas para maluco dançar”, ou cantar, e passamos a tratar isso através de um advogado criminal. E também, claro, consegui entender os possíveis motivos para alguém que é de fato tão talentosa não conseguir alavancar a carreira. Quem – além do marido que aparenta compartilhar da mesma falta de inteligência emocional – consegue manter relações pessoais ou profissionais com alguém assim?!
Se aprendi algumas coisas ao longo desses meses organizando o meu casamento, foram:
- Nenhum desconto de pagamento à vista compensa o risco da falta de profissionalismo de tantos;
- De maneira alguma assine contratos padrões onde a única a pagar multa por desistência seja você;
- No primeiro indício de desacordo com a outra parte, comece a documentar TUDO;
- Verifique se no contrato há de fato todos os dados relevantes, como CPF e endereço, da outra parte caso precise resolver qualquer impasse através do judiciário;
- A maioria dos prestadores de serviço gastam todo o dinheiro recebido bem antes do evento, e se há quebra contratual, acabam não tendo o valor para restituir;
- Antes de assinar o contrato, não se deixe levar pela pressão da outra parte, e reserve alguns minutos para pesquisar possíveis processos anteriores, especialmente os de execução extrajudicial.
É isso, noivinhas! Por aqui está uma correria e em véspera de casamento ainda estou tendo que lidar com essa, um furacão sertanejo sem estabilidade psicológica tentando derrubar tudo! O mais triste disso tudo é que eu realmente gostava do trabalho dela e estava bem ansiosa com sua apresentação em meu casamento, mas a boa notícia é que depois dos noivos, a atração principal do meu casamento será o Cristo Redentor, e ele graças a Deus não me liga surtando!
Por fim, após enviar notificações extrajudiciais para todos os endereços da contratada e mostrar para ela que as gravações anteriores haviam sido gravadas, quando mais uma vez ela tentava intimidar com mentiras, tentando reverter a situação como se fosse uma quebra de contrato da minha parte, apesar de não ter escrúpulos ela teve bom senso em perceber que a versão fantasiosa dela não iria se sustentar mediante tantas provas de sua má-fé.